O uso de ferramentas de videoconferência (como o Skype) para entrevistar candidatos a distância é cada vez mais frequente. A Otávia já se acostumou com a dinâmica; ela passou por diversas entrevistas virtuais – algumas inclusive com empresas de fora do país. Ela diz que assim como qualquer entrevista de emprego, é preciso se preparar e, mais do que isso, transformar sua casa em um ambiente formal para receber – mesmo que virtualmente – o profissional que irá lhe entrevistar.
"Eu deixo sempre papel, caneta e currículo à mão para tratar com a pessoa como se fosse aqui", diz Otávia Bortoti, advogada.
"A preparação é a mesma utilizada em uma entrevista presencial, só que com alguns cuidados extras: o candidato vai ter de cuidar do equipamento que vai utilizar, da iluminação do ambiente, vai ter fazer um teste antes e cuidar da organização. A roupa também deve ser a mesma que seria usada numa entrevista presencial", analisa André Ribeiro, consultor de mercado da Produtive.
É importante que não haja qualquer interrupção durante a conversa. Livre-se do cachorro, das crianças, do telefone e – muito importante – esteja certo de que seu equipamento e conexão estejam funcionando perfeitamente…
"Quando eu tenho essas entrevistas, o nervosismo é sempre quanto à tecnologia; eu testo o Skype e a câmera antes porque quando eu não testei previamente ela não funcionou", conta Otávia.
Daqui a pouco a gente volta nessa questão da preparação para contar um caso engraçado de gente que pagou mico na frente da câmera…
Na opinião dos headhunters e profissionais de RH, a entrevista presencial ainda é muito importante na fase decisiva do processo seletivo, mas as entrevistas em vídeo já dominam boa parte das fases iniciais do recrutamento de profissionais. Interessante é que essa conversa virtual já acontece em todos os níveis, do estagiário ao diretor. E, segundo análises do mercado, a prática otimiza o custo e tempo gasto no processo de seleção em até 70%.
"Olho no olho ainda é a chave do processo. Não tem como fazer um processo seletivo todo por não presencial. Na nossa experiência de 18 anos, eu já vi casos de empresas fora do país em que as entrevistas foram todas por telefone ou videoconferência, salvo a proposta final. Então é uma tendência que vem acontecendo", diz Rafael Souto, CEO da Produtive.
É, nada substitui o “feeling” e o calor do momento… Mas enquanto as empresas economizam e ganham agilidade no processo de escolha, o candidato tem a vangatem de não ter de se locomover até a sede da empresa para participar de uma seleção – e nisto, elimina-se as chances de atraso, o trânsito e possíveis custos. Por outro lado, as entrevistas em vídeo podem ser um grande risco. Afinal, nem todo mundo tem tanta facilidade frente às câmeras. É preciso se preparar para enfrentar um novo desafio. E, por mais que há quem discorde, a primeira impressão ainda conta muito…
"O vídeo é a fase eliminatória: se eu não for bem, não chego no olho no olho. Se acostumar a usar vídeo como ferramenta de comunicação, é uma qualidade necessária para um profissional contemporâneo", completa Souto.
Antes de falar de outra novidade que a tecnologia está trazendo para o mundo do RH, lembra do “mico” que comentamos? Pode acontecer com qualquer um que não se prepare adequadamente. O consultor nos contou que certa vez uma cliente da empresa iria passar por uma videoentrevista e então se preocupou apenas com a parte de cima da roupa; até aí, tudo bem, afinal, o vídeo não mostra ninguém de corpo inteiro. O problema é que na ocasião, uma chaleira esquecido no fogão fez a candidata sair correndo para a cozinha e, toda formal da cintura para cima, mas só de lingerie da cintura para baixo…aí não dá, né?!
Um conceito mais novo nos processos seletivos é o videocurrículo; muita gente tem falado da novidade, mas o uso ainda é bem restrito – principalmente aqui no Brasil. Nos Estados Unidos o currículo em vídeo já tem alguma força. Mas por ser algo muito novo, existe a dúvida se o formato vai mesmo funcionar, afinal a praticidade não é assim tão grande quanto parece.
"Muitos recrutadores gastam 15 segundos na leitura de um currículo; um vídeocurrículo se estende muito mais, então a praticidade não vai ser a mesma", diz André Ribeiro.
Mas também no intuito de agilizar os processos de seleção, existem empresas que elaboram questionários e enviam para que os candidatos os respondam em vídeo. Isso, sim, já acontece bastante também. De olho na oportunidade, a Patrícia criou uma empresa para produzir essas pré-entrevistas. Segundo ela, a solução é sinônimo de tempo! E, mais do que isso… Ela defende que enquanto o CV online ou em papel apresenta os conhecimentos e experiências do candidato, o vídeo mostra a atitude do pretendente àquela vaga.
"Em oito minutos, você tem tudo daquela pessoa. Então não tem aquele negócio do "ah, fluente em inglês", mas quando você chama a pessoa, vê que as aparências enganam. É uma entrevista real de emprego. Venha preparado porque se você errar ou gaguejar, vai ficar gravado no filme. Isso não edita candidato, não é uma fábrica", explica Patrícia Russo, CEO da TV.CV.WEB.
Fonte: Olhar Digital